_”Sou o
onironauta cansado:
“Entre
desespero e letargia
já não busco
mais
nenhum dos
caminhos que descobri
(naqueles
palcos irreais);
o Absurdo
sublime onde nada existe!
“E,
acostumado às imagens que encontrei,
minha
própria lucidez já me é estranha.
“Não sei (não
lembro) ao menos (como)
despertar
deste sonho em que me perdi...
e foi aqui que tudo teve início!...
“Nas viagens
sem fim
em busca de
uma Realidade Ideal:
e que,
encontrando-a, não soube aproveitar!
“Descanso
nos intervalos
em que o
descaso e a embriaguez
podem ainda
me acolher...
“Se existe algum
repouso,
somente o
encontro fora das passagens do tempo,
e essas são tão
ínfimas!
(não sei se
tenho mesmo descansado,
não sei se ao menos
são reais as paragens)
“É tudo
temporário e ao mesmo tempo irreal;
tendo
destrancado tantos portais visionários
acabei
perdido do outro lado,
onde é tudo insanidade
e vazio.
Todo
discernimento é fútil
e, mesmo
assim, até a loucura me parece
fugaz ilusão...
“O sentido está
perdido
(foi desperdiçado!):
viajar em sonhos é agora
o meu eterno pesadelo...
“Sou
Onironauta, incapaz da despertar.”
*O relato do
Onironauta é nada mais que Loucura. Suas
reclamações são todas infundadas e desconexas as suas visões: estão entre os mais
estranhos delírios de que já ouvi falar. Quem dera poder perder-se em sonhos!
Pode ser que
o Onironauta tenha (um dia) voltado a sonhar – ao contrário do que acredita, ele se
perdeu desperto –, e assim talvez deixe finalmente de maldizer seus desacertos (pois
sim, o real: que é impensável)!
(Thiago Nelsis)
(Thiago Nelsis)
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