quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Relatos de um Homem Louco



_”Sou o onironauta cansado:

“Entre desespero e letargia
já não busco mais
nenhum dos caminhos que descobri
(naqueles palcos irreais);
o Absurdo sublime onde nada existe!

“E, acostumado às imagens que encontrei,
minha própria lucidez já me é estranha.

“Não sei (não lembro) ao menos (como)
despertar deste sonho em que me perdi...
e foi aqui que tudo teve início!...

“Nas viagens sem fim
em busca de uma Realidade Ideal:
e que, encontrando-a, não soube aproveitar!

“Descanso nos intervalos
em que o descaso e a embriaguez
podem ainda me acolher...

“Se existe algum repouso,
somente o encontro fora das passagens do tempo,
e essas são tão ínfimas!
(não sei se tenho mesmo descansado,
não sei se ao menos são reais as paragens)

“É tudo temporário e ao mesmo tempo irreal;
tendo destrancado tantos portais visionários
acabei perdido do outro lado,
onde é tudo insanidade e vazio.
Todo discernimento é fútil
e, mesmo assim, até a loucura me parece
fugaz ilusão...

“O sentido está perdido
(foi desperdiçado!):
viajar em sonhos é agora
o meu eterno pesadelo...

“Sou Onironauta, incapaz da despertar.”

*O relato do Onironauta é nada mais que Loucura. Suas reclamações são todas infundadas e desconexas as suas visões: estão entre os mais estranhos delírios de que já ouvi falar. Quem dera poder perder-se em sonhos!
Pode ser que o Onironauta tenha (um dia) voltado a sonhar – ao contrário do que acredita, ele se perdeu desperto –, e assim talvez deixe finalmente de maldizer seus desacertos (pois sim, o real: que é impensável)!

(Thiago Nelsis)

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