quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Fim de Noite



Era tranquila a noite, nela eu perambulava.
No envolvente negror que pendia adentrei –
e este ficava logo denso e mais denso,
tão breve já não havia ao redor qualquer ruído,
e da luz, nenhuma reminiscência!

Fugi enfim do existir:
pude sonhar além do tempo!
Era possível para mim morrer,
nascer,
inexistir
e ser real
– fui delírio de mim próprio –,
diverti-me ao inventar meu existir
à medida em que me lembrava dele.

Esqueci, enfim, tudo!
era livre para fazê-lo tantas vezes quanto o desejasse.
Conheci e desbravei mundos inteiros de sonho...

e despertei.

Despertei sob o sol ardente,
sob o azul opressor.

Despertei perdido e louco,
despertei num mundo de horas,
de continuidades e de memórias,
num mundo de consequências e escolhas
onde é tudo fragmentado,
onde a noite já não traz deleite,
nem há o esquecimento da escuridão envolvente
que outrora me libertara...

Mas que triste destino o meu,
que despertei num fim de noite!...

(Thiago Nelsis)

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