Era
tranquila a noite, nela eu perambulava.
No envolvente
negror que pendia adentrei –
e este ficava
logo denso e mais denso,
tão breve já
não havia ao redor qualquer ruído,
e da luz,
nenhuma reminiscência!
Fugi enfim
do existir:
pude sonhar
além do tempo!
Era possível
para mim morrer,
nascer,
inexistir
e ser
real
– fui delírio
de mim próprio –,
diverti-me ao inventar
meu existir
à medida em que
me lembrava dele.
Esqueci,
enfim, tudo!
era livre
para fazê-lo tantas vezes quanto o desejasse.
Conheci e
desbravei mundos inteiros de sonho...
e despertei.
Despertei sob
o sol ardente,
sob o azul
opressor.
Despertei perdido
e louco,
despertei
num mundo de horas,
de
continuidades e de memórias,
num mundo
de consequências e escolhas
onde é tudo
fragmentado,
onde a noite
já não traz deleite,
nem há o
esquecimento da escuridão envolvente
que outrora
me libertara...
Mas que triste
destino o meu,
que
despertei num fim de noite!...
(Thiago
Nelsis)
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