quarta-feira, 20 de maio de 2015

Manhã de Inverno

Na dança das sombras o fogo estala:
Lenha, brasa, as garrafas vazias...
A fumaça que enfim se esvai e cala
Pr’ouvir lá fora o vento que assovia...

Jogado ao chão da sala eu pesco sonhos
Captando as visões que o vinho deixara...
E descanso enfim meus olhos tristonhos...
Ó noite, partiste em mágicas raras!

Silentes mundos vêm me visitar
– Desprendidos das âncoras do acaso...
E embebido no néctar milenar
(Neste ar de fantasia e de descaso),

Finalmente entre arcanas maravilhas
Perco-me nos abismos da euforia...

(Thiago Nelsis)

terça-feira, 12 de maio de 2015

A Morte e o Tempo



Estivemos entre imagens passadas,
Presentes, vindouras... entre memórias
E sonhos desfeitos. Nossas histórias
Todas numa identidade mescladas...

Não me reconheço através do tempo;
Este que sou agora em meio a mim
É outro que se esvai sem ter um fim.
Vazio como as memórias que contemplo...

Eu e meus eus em sucessão feroz!
E da garganta desconheço a voz
De que me arrependerei das palavras...

Tal como cadáver deixado às larvas,
Desvaneço... Do agora para o vão
Do impossível: e o Tempo é uma ilusão.

(Thiago Nelsis)