“Foi este mundo que me
fez tão triste,
Foi a gaiola que te pôs assim!”
Foi a gaiola que te pôs assim!”
- Augusto dos Anjos,
Corrupião.
Desaparecem os
momentos nas passagens:
arrastam-se
os segundos à eternidade
(vislumbro isto
detrás de meus olhos secos).
Lentes
opacas que mostram-me a aflição
da
continuidade,
do que há de
artificial e supérfluo
numa vida de
vidro.
Ares de pesadelo inflamam o quarto que é real,
que afunda
no vazio da madrugada;
estou pregado
a ele, a navegar o cosmos!
– nada aqui
existe, senão a solidão desta noite vasta!
e no caos
deste vácuo sou eu o Almirante Perdido...
(...)
Embora
amedrontador
não é real ainda
o meu desespero!
Há de ser
substituído pelos instantes inertes
que ainda virão,
implacáveis;
há de quedar
e há de e partir-se por inteiro
este singelo
vislumbre...
Tenho os
olhos agora doentes...
E já não
posso visualizar
todas estas
passagens, são tantas
são
sublimes;
e haverão de
fulminar finalmente
tudo o que
há neste parar.
(O universo
parou...)
(Thiago Nelsis)
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