Dorme o barquinho sobre a
onda
em que repousa o maremoto.
Clareia o céu por detrás da crista
(mas nada sabemos disso),
estamos todos a dormir ali:
embriagados.
Avança entre as cidades,
subindo a montanha, o facho
d’água que escorre
– e sobre si desliza inteiro:
(vê? ainda é dia!).
Dormiremos aqui para sempre,
anestesiados pelo maremoto:
nosso bercinho agora escoa através
do Campo!:
Azul-claro esverdeado
vai voando, desce e canta
a ventania, desarranja o
arco-íris.
No farfalhar gentil do vento
em fúria:
(quebram-se madeiras)
construções inteiras ruem –
quebra-se o mundo todo
e vai-se embora a onda...
nós nunca mais despertaremos
os licores agora vivem nas
veias da humanidade,
inflamam trovoadas de sangue pelos
corpos inertes
sobre o barco que cavalga a
onda.
Não acabamos ainda de
regressar dos sonhos!
e nossos pés não devem tocar
o chão...
É ainda tudo que há (e é tudo
o que somos).
Ecoa distante a voz gentil:
“Nós podemos ver dentro de você,
Sem que você possa olhar dentro de nós...”
(Thiago Nelsis)
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