quarta-feira, 25 de junho de 2014

Noctâmbulo



Sufocante é a tirania das horas,
mas quando a noite se alastra ao redor,
instaurada a vasta cúpula que tudo engloba,
a paz volta a reinar.

Sob os astros que refulgem sempre distantes
(na Indiferença de tudo que é Magnificente)
recorro aos meus costumeiros sonhos despertos
– permite-se assim ao existir folgar:
eis quando os momentos (todos),
embora voltem sempre a seguir,
duram vidas, param durante séculos,
sem nunca transcorrer...

O cenário inteiro é outro nestes sonhos:
as sombras dançando todas as danças!...
– os raios de luz que lhes dão forma correm livres
nessa abundância quadridimensional.

Vibra vivaz tudo em cores,
(e mesmo as sombras aqui fulguram!)
essas cores vivas traçam movimentos que,
no seu luzir, tornam-se audíveis.
Ah! O embriagar-se desta mesma plenitude!
noite após noite; ...
o brilho nos olhos!

– brilharam tanto
que ao fim arderam secos...

(...)

Não mais a magia dos sonhos despertos,
nem o desdém pelo enfadonho me afligem mais!
O irreal e vida são-me agora nada;
a Arte, que sempre mente para os que sofrem,
não poderia me iludir para sempre.

Viu-se aqui tudo outra vez informe:
(e eu espero!...)
Espero renascer em mim o inaudito
através de uma nova e verdadeira Fonte –  
sei bem que os sentidos,
obscurecidos pela existência,
guardam memória da verdade oculta.

Decidi permanecer na vida
para não mais sonhar falsos sonhos.

(Thiago Nelsis)

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