Sufocante
é a tirania das horas,
mas
quando a noite se alastra ao redor,
instaurada
a vasta cúpula que tudo engloba,
a
paz volta a reinar.
Sob
os astros que refulgem sempre distantes
(na
Indiferença de tudo que é Magnificente)
recorro
aos meus costumeiros sonhos despertos
– permite-se
assim ao existir folgar:
eis quando
os momentos (todos),
embora
voltem sempre a seguir,
duram
vidas, param durante séculos,
sem
nunca transcorrer...
O
cenário inteiro é outro nestes sonhos:
as
sombras dançando todas as danças!...
– os
raios de luz que lhes dão forma correm livres
nessa
abundância quadridimensional.
Vibra
vivaz tudo em cores,
(e mesmo
as sombras aqui fulguram!)
essas
cores vivas traçam movimentos que,
no
seu luzir, tornam-se audíveis.
Ah! O
embriagar-se desta mesma plenitude!
noite
após noite; ...
o
brilho nos olhos!
– brilharam
tanto
que ao
fim arderam secos...
(...)
Não
mais a magia dos sonhos despertos,
nem
o desdém pelo enfadonho me afligem mais!
O
irreal e vida são-me agora nada;
a Arte,
que sempre mente para os que sofrem,
não poderia
me iludir para sempre.
Viu-se
aqui tudo outra vez informe:
(e
eu espero!...)
Espero
renascer em mim o inaudito
através
de uma nova e verdadeira Fonte –
sei
bem que os sentidos,
obscurecidos
pela existência,
guardam
memória da verdade oculta.
Decidi
permanecer na vida
para
não mais sonhar falsos sonhos.
(Thiago
Nelsis)