quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Des/poema In/verso



Quando antevi os desatinos do espírito
projetei meu pensamento em sombra:
livre de mim ele dançava, espectro altivo nas paredes.
Fora de mim as areias da noite escoam
pelos ponteiros de toda a Eternidade
– Para sempre aqui, iluminado pela luz do silêncio...

se irromper o momento, partirei. Mas não o espero.
Navegarei pela realidade afora:
seria o existir redescoberto nas embarcações desta visão?

Morrerei na praia sem ter nunca navegado.
terei quase chegado sem jamais partir.

                                        (quase).

QUASE    memórias ...
ilusão ...
     miragem ...

Perambulei por dentro de sonhos errados
mas que, antes de adormecer, não rejeitei.
- Os náufragos e suas loucas miragens!
- Eu e meus sonhos desvairados!

Minha consciência sonolenta perdeu-se
– e eu dentro dela, alerta, fi-la naufragar
entre palavras vãs...

Meu sonho não possui metáforas
Meu poema não contém visões

Compus os mais maçantes silêncios, sujei de tinta a folha e
Não lhe pus nenhuma vida

Não versam as linhas
                                        Versos

Sentei-me sobre a onda que passava
para com ela aprender a ser fugaz
Eternizei-me nela
Para sempre... vagando assim, sem rumo
e completamente estático
– Fotografia –
Eu! que queria ser

...fugaz...

Fotografo todas as imagens:
Nada em mim é passageiro,
Mas foi-se embora a onda sem mim
Fiquei perdido no espaço aberto entre os instantes
Eu! que desvirtuei por completo a onda...

... mas logo a onda volta!
Tendo voltado, encharcou as minhas fotografias
todas
Eternizei-me novamente nela sem ter comigo nada
Finalmente, eu sou fugaz!
Sou...

Riscaria pretensiosa 
Impalavras
Despalavras
Despoema
Inverso

E o momento é mais vazio que a folha escrita
E eu, em minhas buscas, sempre me desencontro.

(Thiago Nelsis)

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