quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Desconjunção

Não poderia a eternidade inerte
Dar-me alívio à letargia.
Frente à incompetência para os ofícios,
À inocuidade dos sentidos e do ser,
Atiro-me ao nada que em mim ulula.
E repouso neste turbilhão informe
De sensações torcidas...

Ante a inanição de que sofro na alma,
Sonhou por mim mi’a covardia:
eis que,
Em meus temores, acomodei-me 
Entre as escolhas que não fiz,
Entre os caminhos que se vi seguirem...

(Eu, sem trilhar)...
Fiquei

Eu: cuja felicidade é onde não estou!

Por quantas medidas
Deixei que passasse por mim
O tempo?
Arrastado p’la correnteza dos três ponteiros?

A felicidade é quando não estou!

Concorri co’acaso para firmar
A minha estagnação.
Eu e ninguéns mais! – madrugada gloriosa!
Do Silêncio...
Emerge o porvir: invade meus sonhos e rouba-os
De mim...
Restei flutuando no éter do espaço,
Sob estrelas
– Sorriu-me, entre elas, a mais triste.

Aos ventos do Destino... distanciei-me.
Tangenciava a eternidade
Ida embora entre as correntes do vazio?

Sou os escombros deste mundo inteiro.
Da Humanidade, os receios
De tudo o que poderia ter sido

– E sempre o que poderia ter sido
Ao que vier a ser (isto jamais!). Minha arte
Esvaziou-se numa autoconfissão
Amorfa.

...A felicidade está onde não sou!

(Thiago Nelsis)

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