Depois de muito tempo, com o blog meio abandonado (acho que a era dos blogs acabou, sepultada de vez pelas redes sociais), enfim, é hora de anunciar meu novo lançamento: Mecânica homem-máquina, engrena tua engenhosidade. Está em pré-venda no site da editora Benfazeja e o resultado ficou muito legal. Aos que eventualmente ainda venham a visitar este blog, recomendo dar uma sacada!
Celebração do Despropósito
É o Tédio! - O olhar esquivo à mínima emoção, Com patíbulos sonha, ao cachimbo agarrado. Tu conheces, leitor, o monstro delicado - Hipócrita leitor, meu igual, meu irmão! (Charles Baudelaire)
Brinde Noturno e Outros Poemas
terça-feira, 14 de novembro de 2017
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017
Muitas vezes já se tinha sentido assim,
com os mesmos pensamentos e temores. Em todos os períodos bons, fecundos e
ardentes de sua vida, mesmo na sua mocidade, vivera sempre assim, queimando a
sua vela pelos dois lados, com um sentimento ora jubiloso, ora soluçante de
feroz extravagância, de destruição, com uma desesperada avidez de beber a taça
até o fim, com um profundo e secreto medo de chegar ao termo de tudo. Muitas
vezes tinha assim vivido, muitas vezes já esvaziara a taça, muitas vezes ardera
em altas chamas.
(Hermann
Hesse, O último verão de Klingsor)
quinta-feira, 28 de julho de 2016
quinta-feira, 21 de julho de 2016
Alumbramento
Perdi-me trôpego em teus olhos adentro.
Segui sedento a ilusão afora,
sob infindos astros de ardente deslumbramento.
Eu despertara, então, atônito,
agrilhoado aos Teus prazeres.
Quedei perante os séculos
que transitaram na inércia fluída ante o Porvir,
suspenso.
Sob a lua,
deleitei-me ao cantar canções já roucas
que buscara em existências passadas.
Neste vácuo turbilhão que fito, em desvario,
incursionei mais fundo em Teu delírio.
Ávido, busquei o sonho em que despertara a magia,
mirações raras entre paragens distantes
trouxeram-me o prazer.
O tempo desaparecera outras vezes,
e outras vezes mais seguimo-lo em sua hilariante linearidade.
Entrelaçamo-nos em desatino e, afoitos, combalimos enfim...
Jorrou o gozo e o sonho, jorrou o grito
e a garra firme fenece,
enlaça,
agarra novamente
e o Turbilhão retorna!
Avidez devassa que me consome e me consuma!
Restei quedado ao cosmos
E na distância do firmamento:
Dois olhos de esfíngico alumbre m’absorvem.
(Thiago Nelsis)
Segui sedento a ilusão afora,
sob infindos astros de ardente deslumbramento.
Eu despertara, então, atônito,
agrilhoado aos Teus prazeres.
Quedei perante os séculos
que transitaram na inércia fluída ante o Porvir,
suspenso.
Sob a lua,
deleitei-me ao cantar canções já roucas
que buscara em existências passadas.
Neste vácuo turbilhão que fito, em desvario,
incursionei mais fundo em Teu delírio.
Ávido, busquei o sonho em que despertara a magia,
mirações raras entre paragens distantes
trouxeram-me o prazer.
O tempo desaparecera outras vezes,
e outras vezes mais seguimo-lo em sua hilariante linearidade.
Entrelaçamo-nos em desatino e, afoitos, combalimos enfim...
Jorrou o gozo e o sonho, jorrou o grito
e a garra firme fenece,
enlaça,
agarra novamente
e o Turbilhão retorna!
Avidez devassa que me consome e me consuma!
Restei quedado ao cosmos
E na distância do firmamento:
Dois olhos de esfíngico alumbre m’absorvem.
(Thiago Nelsis)
segunda-feira, 9 de maio de 2016
Depois do Pesadelo
Perdido nos Desertos do espírito,
adentrei miragens profundas de minha mente sedenta.
Neste oásico deslumbre em que me fiz real,
consumi das areias o mais puro néctar...
“Contaminei-te, mundo, com meu delírio!
Fiz-me tempestade em tresloucadas visões.”
Estou cego, inerte,
eis que a mais estranha quimera era o mundo fora de mim.
Perdi-me entre trevas inventadas – que da luz, insuportável,
as fizera...
Fiz savana das florestas onde ardera a Vida!
Desperdício; minha fúria, refúgio frívolo, feriu-me enfim.
Desperto, quero retornar ao Pesadelo!...
eis que materializaram-se os crimes que eu cometera em meu
sono.
Estou em fuga! – caçam-me as sombras-homens,
gritam-me lamúrias que lhes cometi no refúgio sutil da Inocência.
Minha patifaria agora enerva-me!
Sou mil vezes as sombras de meu combate solitário,
em que assassinei almas enfermas
ao oferecer-lhes minha indiferente consolação.
O deserto está mudo.
Secaram as sombras,
endurecem-me os olhos que choram areias.
A terra árida e dura racha-me os pés que não mais sangram.
Minha Odisséia traz-me sereias pálidas, roucas e mudas,
que se ainda me pudessem encantar, recusar-me-iam.
Definha no céu opaco um brilho inerte da estrela Aldebarã,
em cujo chamado não me abraçará a insanidade.
O vácuo frio do cosmos gela-me, sem fúria.
Estou são com a compunção que a razão trouxera,
sem mais desfrutar dos perdões da loucura,
e as punições não me serão guardadas...
Eis que danação é fria!... a promessa do alento no ardor do
Fogo Eterno,
em cujas chamas talvez a vitalidade aflorescesse
(permitindo-me talvez algum arrependimento)
– esperança final do Pecador! – fora-me retirada.
Em minhas mãos virara pó a última flor salva de meu oásis
inventado...
Oh, despertar! Abandona-me!
leva contigo esta consciência inútil, e que esta terra morta
se recusa a devorar!
(Thiago Nelsis)
quarta-feira, 9 de dezembro de 2015
Canção Noturnal
À noite o alento solitário eu peço:
“Ouve este canto do poeta que sofre,
Que na resignação de uns versos pobres
Maldiz as trilhas deste desalento...”
A madrugada segue e me abandono,
Horas sofrendo na vigília inerte:
Rouca canção de mi’a garganta verte
E a solidão vem me trazer o sono...
Ah! infindas noites de ilusão rara!...
E se o silêncio me embala os sonhos,
É que já a embriaguez m’abandonara...
Maravilhas e tormentos noturnos
Que deslizam sobre o tempo! Componho
A vós canções do meu ser taciturno...
(Thiago Nelsis)
O Palco da Memória
Perdi-me entre sombras de pensamentos
Que me arrebatam para além da vida...
Teatro etéreo de inexata nostalgia!
Encena glórias, finge desalentos
De uma vida que se passou por mim.
Espectador frívolo à encenação
De meu ser (externado...), de antemão
Vaiei a peça! – Cortina carmim
Despenca sobre a cena inacabada...
Estou só. Na escuridão, sem memória...
Visões que, louco, atirei ao nada.
O mesmo Nada que de mim eu fiz,
Eu: relutante contra a falsa história
Em que me pus. (Meu ser me contradiz...)
(Thiago Nelsis)
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