Muitas vezes já se tinha sentido assim,
com os mesmos pensamentos e temores. Em todos os períodos bons, fecundos e
ardentes de sua vida, mesmo na sua mocidade, vivera sempre assim, queimando a
sua vela pelos dois lados, com um sentimento ora jubiloso, ora soluçante de
feroz extravagância, de destruição, com uma desesperada avidez de beber a taça
até o fim, com um profundo e secreto medo de chegar ao termo de tudo. Muitas
vezes tinha assim vivido, muitas vezes já esvaziara a taça, muitas vezes ardera
em altas chamas.
(Hermann
Hesse, O último verão de Klingsor)