terça-feira, 26 de agosto de 2014

Depois do Espetáculo



Depois do espetáculo desfaleci
no pé do rio que separa os mundos.

A aurora rubra irradia o cenatório
que me acolhe; sinto ainda pesados
os meus membros já dormentes...
(Ah!) – essa vitalidade que inflama em mim,
pulsante,
mesmo neste espástico cansaço!
Fervente o corpo
como eu já não o sabia sentir... enfim!

Carruagens correndo sobre a ponte
cantam à chegada da visita!
Carruagens correm loucas na ilusão!
Carruagens... (sobre a ponte!)

Brilho dourado das nuvens de fúria
– que percorrem os montes –
nas colinas onde o brado ressoa...

Escolhi desfalecer à beira deste rio
para ouvir
as carruagens da loucura.

(...) Ilusão de vida e morte.

Eu separo dos rios o mundo:
e meu brado translúcido ressoa!
A ponte corre dourada
sobre as gramas da colina rubra
(vão-se as carruagens ante o crepúsculo)!...

Ah, sim!
Para mim veio a mais bela das loucuras:

está na ponte entre as carruagens rubras
que separam os mundos:
nas colinas do rio dourado – que brada
sobre a grama translúcida e ressoa o crepúsculo...

carruagens distantes...
loucura disforme...

(Crepúsculo dos mundos):
as carruagens me separam!
a grama corre o rio translúcido
nas colinas douradas
em que brada a grama sobre a ponte cansada...

Carruagens disformes
da loucura e do delírio...
O cenatório dormente inflama
no cansaço espasmos ferventes!
A vitalidade sentida nos membros acolhedores...
pesada aurora!
– Sinto espasmos que já não mais sabia.

Desfaleci no espetáculo do rio;
após as carruagens que percorrem as colinas
(cantando loucuras da grama e da ponte):
dois mundos dormentes.

O peso translúcido do crepúsculo dourado,
da rubra aurora da loucura
(espasmos de vitalidade translúcida...)
e do espetáculo acolhedor.

Ah! meu Devaneio, meu Paraíso!

(Thiago Nelsis)

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Soneto Mágico



Deposta a mente dos sentidos: vê!
– Triunfante a Unidade se desvela
No universo (que paira sobre a tela
Diante do olho desencarnado). Sê,

Logo, a incompreensão refigurada.
Tudo que existe é exposto na ultravida...
A clareza – que oculta na cortina –
Saúda tua memória espedaçada!

Acorda, homem-miserável! Sai
Do flagelo que é crer nessa existência!
Tua forma contingente já se vai...

Não ficará rastro de tua vivência.
Humanidade... tolos como foram:
Mortos, nunca saberão que viveram!

(Thiago Nelsis)

Insomnia



Albergado na ignomínia do ser
Se instala o patife abutre a roer
Da derme as nossas sensações adustas,
E mastigando o intangível degusta

O dissabor donoso do existir...
Engasga-se; bico podre a fremir
As penas de sua contaminação:
Desaparece c’o doente a aflição

Como é pra ser co’a desgraça na vida.
Inditoso o ser humano – não passa
Da iguaria que os vermes comem fria.

Na poça o meu reflexo merencório,
(Este sonambulismo nunca acaba!)
Madrugada! – Meu limbo-purgatório...


(Thiago Nelsis)

sábado, 23 de agosto de 2014

Resenha de Brinde Noturno & outros poemas no site Trecho de Livros

"Já que estou me confessando preciso dizer que inspirado por três poetas: Vinícius de Moraes que conheci na minha adolescência. Depois Leminski que conheci assim que adentrei no mundo virtual. Por último me apaixonei por Fernando Pessoa que tive a honra de analisar, na faculdade, algumas de suas facetas (Caeiro, Reis, Campos). Continuo inspirado pelos três e agora por Thiago Nelsis, com essa obra."

(Wellington Rafael)


http://trechosdelivros.com/resenha-literaria-brinde-noturno-outros-poemas-de-thiago-nelsis